Cláusulas hipotáticas: uso(s) de articuladores

O Projeto Cláusulas hipotáticas: uso(s) de articuladores, a partir de reflexões e críticas sobre a abordagem tradicional concernentes aos procedimentos sintáticos, vê, na abordagem funcionalista, uma nova possibilidade de análise para a articulação de cláusulas. Adotando os conceitos de coordenação, subordinação, hipotaxe e parataxe, prioriza as relações hipotáticas no português - tanto as explícitas quanto as implícitas, considerando, também, o fenômeno do desgarramento nas cláusulas hipotáticas. Para tanto, os elementos que funcionam como articuladores - conjunções, preposições, advérbios, locuções prepositivas e conjuntivas - são abordados como possíveis indicadores dessas relações.
Introdução e justificativa do tema
As análises das relações estabelecidas entre as orações têm recebido sucessivas críticas, principalmente, por se restringirem, em sua grande maioria, apenas ao nível sentencial e, ainda, por condicionarem, muitas vezes, a identificação da relação ao tipo de introdutor das estruturas.
No âmbito da subordinação adverbial, normalmente, vincula-se o conteúdo semântico da oração à presença de um determinado conectivo. O fato de os alunos de Ensino Fundamental e Médio, ainda hoje, serem levados a memorizar listas de conjunções e de suas respectivas circunstâncias comprova tal situação.
As pesquisas tanto de diferentes tipos de cláusulas quanto de diferentes articuladores que as encabeçam, desenvolvidas no âmbito do Projeto Uso(s) de conjunções e combinação hipotática de cláusulas, cadastrado no Sigma sob o número 15841 e desenvolvido de 03/2008 a 04/2013, evidenciam alguns usos de articuladores de cláusulas não considerados pela abordagem tradicional. Demonstram, ainda, o quão frutífero é o estudo da sintaxe que contempla os níveis textual e contextual identificando as relações estabelecidas entre as cláusulas pelo resultado da articulação de umas com as outras e não, simplesmente, pela presença de um determinado articulador.
Evidências como essas permitem que o estudo das orações na sintaxe tradicional seja repensado, pautando-se nas hipóteses de que as relações estabelecidas entre as orações extrapolam o nível sentencial e de que as conjunções funcionam como índices dessas relações, mas não necessariamente as determinam.
Na articulação ou combinação, as cláusulas não estão sujeitas à integração sintática, ou seja, não são constituintes de outra, pois se relacionam com o aspecto organizacional do discurso. Portanto, cláusulas combinadas podem modificar ou expandir, de alguma forma, a informação contida em outra cláusula, estabelecendo, assim, uma relação circunstancial. A noção de combinação de cláusulas, tal como propõe os estudos funcionalistas, permite que se aplique a noção de circunstância para além das orações chamadas tradicionalmente subordinadas adverbiais, estendendo-a às orações adjetivas explicativas e, até mesmo, às coordenadas assindéticas da Gramática Tradicional (GT).
Assim, pode-se entender melhor porque o Projeto Cláusulas hipotáticas: uso(s) de articuladores pode englobar tanto pesquisas que se atém apenas aos usos dos articuladores nas cláusulas bem como as próprias cláusulas em si e, ainda, estudos que envolvam os casos de subordinação e coordenação da GT, ou, no âmbito do Funcionalismo, de hipotaxe circunstancial.
Objetivos
Os objetivos gerais deste Projeto são: (a) contribuir para uma descrição mais acurada da sintaxe das cláusulas em Língua Portuguesa, com base em estudos sincrônicos desenvolvidos por alunos bolsistas e não-bolsistas de iniciação científica, orientandos de mestrado e doutorado;
(b) implementar pesquisas contrastivas entre as diferentes variedades da Língua Portuguesa, standard e não-standard, de modo a descrever o sistema e suas diversas normas de uso no que concerne aos articuladores;
(c) alcançar generalizações descritivas e explicativas sobre a sintaxe das cláusulas em Língua Portuguesa que permitam traçar diretrizes para o ensino do Português em todos os seus níveis.
Os objetivos específicos são:
(a) no âmbito de cada uma das variedades do Português, analisar, descrever e/ou explicar fenômenos/tópicos linguísticos vinculados ao comportamento multifuncional de formas linguísticas referentes à categoria articulador;
(b) reconfigurar a amostra em que se apoia este Projeto de pesquisa por meio da reorganização e ampliação de acervo constituído por documentação diversificada.
Relevância
As contribuições de projetos dessa natureza para a teoria sintática é que neles se priorizam as relações e as funções discursivas, mostrando a importância das cláusulas na/para organização do discurso e em que medida os articuladores usados podem contribuir mais ou menos para indicar tais relações. Além disso, apresenta uma contribuição pedagógica, principalmente no ensino de língua materna, visto que evidencia a necessidade do resgate da intuição dos falantes quanto às relações implícitas entre as sequências textuais, como também para a importância de a escola não se ater somente a mera taxionomia, baseada em um único uso, mas que se ampliem os usos a serem descritos em seu âmbito.
Problemas
No âmbito das cláusulas, o que sabemos da língua escrita padrão no Brasil e, particularmente no que se refere ao uso dos articuladores? Até que ponto as inovações observadas na fala estão sendo implementadas na modalidade escrita?
Com o intuito de responder às duas questões iniciais, alguns aspectos precisam ser observados:
1. houve alterações no quadro dos articuladores apresentado pelas gramáticas tradicionais brasileiras?
2. há atualmente inovação e/ou conservação de uso(s) pelo falante?
Juntem-se a estes aspectos principais, outros a eles complementares:
a) que articuladores continuam a ser usados?
b) quais os que parecem estar caindo em desuso?
c) quais as inovações de uso que apareceram?
d) que tipos de articuladores ocorrem preferencialmente em cláusulas reduzidas?
e) que tipos de articuladores ocorrem preferencialmente com as cláusulas desenvolvidas?
Hipótese geral
Tendo em vista os vários trabalhos desenvolvidos no âmbito do Projeto Uso(s) de conjunções e combinação hipotática de cláusulas, cadastrado no Sigma sob o número 15841 e desenvolvido de 03/2008 a 04/2013, o quadro das conjunções em uso pelos falantes de língua portuguesa na modalidade escrita não se restringe apenas ao que prescreve a tradição gramatical, sofrendo interferência da dinamicidade linguística de que a fala é exemplar. Assim, novos itens, mesmo não sendo prototipicamente conjunções, têm sido empregados com esse fim, pelos usuários da Língua Portuguesa. Além disso, notam-se casos de desgarramento já na língua escrita. 

Informações

Como adquirir os livros do Projeto

17/11/2014 16:50
Caros usuários, caso tenham interesse em adquirir um dos nossos livros, envie um email para violetarodrigues@uol.com.br. Para aqueles que não moram no Rio de Janeiro, enviamos o livro pelos Correios.